terça-feira, 30 de outubro de 2007

Editorial publicado no informativo de minha Igreja no último domingo...

A força de uma Reforma

Poucos dias após a celebração dos 8 anos da Igreja Batista Renascença, é chegado mais um aniversário muito importante para todos aqueles que se consideram cristãos. No dia 31 de outubro são comemorados 490 anos de Reforma Protestante.

Infelizmente, a história e a teologia do grande avivamento do século XVI estão, aos poucos (ou "aos muitos"?), caindo no esquecimento. Para vários cristãos, os nomes Lutero, Zuínglio, Calvino, Knox, e cia. são estranhos e distantes, talvez lembrados apenas por alguma menção feita nas salas de aula (e nem sempre nas igrejas), mas não pela presença forte e marcante do seu pensamento nos dias de hoje.

Ainda assim, mesmo não conscientemente, a Reforma Protestante se faz presente na Igreja cada vez que uma celebração é realizada, ou cada vez que cristãos se encontram para juntos cantarem, estudarem as Escrituras, e desfrutarem a comunhão. Foi por meio da Reforma que chegamos ao culto como temos hoje. Lutero e Calvino contribuíram amplamente para que as músicas populares participassem do momento de adoração (se não, até hoje estaríamos cantando a chamada "música sacra" - o canto gregoriano). O fato de nossas celebrações serem realizadas em português é devido a este grande evento reformador (já pensaram em como seria a nossa celebração em latim?). Toda a disposição da vida cristã girando em torno da Palavra de Deus – a Bíblia Sagrada – teve grande impulso no período da Reforma.

Incontáveis são os benefícios, e muitas as curiosidades a serem descritas sobre o impacto do pensamento reformado nas mais variadas esferas da vida. Francis Schaeffer demonstra ser o pensamento da reforma, verdadeiramente bíblico, que fundamenta com coerência qualquer atitude cristã na preservação da natureza. Isto deveria ser levado em consideração diante dos modernos movimentos em prol da causa ecológica.

O amor à cidade é corretamente desenvolvido na perspectiva desenvolvida no período da Reforma, de que o homem é formado à imagem de Deus, e por isso tem valor, e de que Jeová é Senhor de todas as coisas (inclusive da cidade, o que fundamenta qualquer esforço para amá-la e cuidar dela). Esta linha de raciocínio seria ainda desenvolvida posteriormente por um pensador reformado, que veio a ser o Primeiro Ministro da Holanda, - Abraham Kuyper. Para ele, Cristo reivindica (e tem) a autoridade sobre tudo o que existe, como o apóstolo Paulo afirma em Cl.1.16. Há ainda a consideração reformada de que Deus está interessado (e de fato salva) a totalidade do homem, e isto fornece base para a missão integral da Igreja (servindo à alma e ao corpo).

Qual a fonte da força deste pensamento? Por que foi tão influente? Embora muitas respostas sejam possíveis, cinco princípios deste período são suficientes para responder.

  1. Sola Scriptura (somente as Escrituras) – A Bíblia sagrada é a única regra de fé e prática do cristão, e revela a vontade de Deus para o homem.

  2. Sola Gratia (somente pela graça) – A salvação é dada por Deus ao homem sem qualquer merecimento deste.

  3. Sola Fide (somente pela fé) – O ser humano é justificado com base unicamente na fé em Cristo, e não em suas (boas) obras.

  4. Solus Christus (somente por Cristo) – O objeto da fé e o justificador do homem é o Senhor Jesus, que morreu para salvar pecadores. Em nenhum outro há salvação (At.4.12).

  5. Soli Deo Gloria (somente para a glória de Deus) – Cada aspecto da vida deve ser vivido para a glória de Deus. Ele é digno.


Estes princípios, extraídos diretamente da Palavra de Deus, dão força a qualquer cristão ou igreja que por eles viver. Eles atuam como uma grande bússola, indicando o caminho correto da vida cristã.

Sejam esses os lemas da igreja contemporânea, para a glória de Deus.