sábado, 9 de agosto de 2008

Metodologia da reflexão sobre o namoro com não-crentes


Há quem considere esta discussão tão boba, que simplesmente ignora o assunto e vive da maneira que acha melhor. Esta postura traz sérios problemas para as noções bíblicas da igreja como um corpo, uma comunidade. Não precisamos pensar de forma igual em tudo, ou comunicarmos todos os nossos pensamentos aos nossos irmãos, mas no que diz respeito à prática de algo, pelo menos em algum sentido, "polêmico" ou controverso, é importante estabelecer um diálogo para a compreensão da verdade.

Eu mesmo gostaria de não ter que escrever sobre isso. Desejaria profundamente que a visão dos nossos irmãos em Cristo fosse fundamentada nas Escrituras, e dali brotasse. O fato de eu utilizar o futuro do pretérito indica que este desejo não se tornou realidade. Não são poucos os cristãos que possuem pensamentos sobre o namoro com não-cristãos baseados em suas experiências, ou em experiências de outros, em suas racionalizações sobre o nosso contexto cultural e a "descontextualização" dos escritos bíblicos, e, por incrível que pareça, em algum tipo de opinião autônoma puramente intuitiva.

O cristão que deseja considerar a temática do namoro com incrédulos deve considerar seriamente todos os textos que a Bíblia apresenta sobre o envolvimento entre os filhos de Deus e os inimigos do Altíssimo (a Bíblia apresenta o não-cristão como inimigo de Deus - Cf. Rm.8.7 e Tg.4.4).

Somente após a consideração desses textos alguém pode iniciar o processo da formulação de um pensamento sobre esta temática. Quem emite um "parecer" a partir do nada, age como tolo e incrédulo. Desconsiderar a Bíblia no que diz respeito aos relacionamentos humanos, é desconsiderar a vontade de Deus, e isto é prática daqueles que não crêem.
Mas não basta apenas observar os textos. É preciso uma segunda etapa fundamental: utilizar os instrumentos adequados de análise e compreensão das passagens consideradas, para a sua aplicação à realidade atual. Quem lê um versículo bíblico sem instrumental adequado para a sua interpretação corre sérios riscos de criar novas doutrinas e se tornar um "inventor de heresias". Não somente há problema nestas nomenclaturas, mas a violação ao significado do Texto Sagrado é desrespeito expresso ao Senhor.

Por isso, não basta simplesmente desconsiderar o texto como obsoleto, ou inventar um significado para ele, mas é essencial considerar o contexto, as práticas culturais, e os princípios eternos em cada trecho das Escrituras, a fim de se guardar fidelidade à Palavra de Deus.

Após observar o texto, utilizar ferramentas adequadas para a sua interpretação e aplicação (o que pressupõe a consideração do contexto contemporâneo), alguém que deseja pensar sobre o namoro entre cristãos e não-cristãos deveria considerar as objeções levantadas por aqueles que defendem pensamentos opostos ou diferentes do seu. Se tais objeções são desconhecidas, seria interessante levantar questões e teses que confrontariam as percepções até então obtidas, para ver se, pelo teste da contradita, as concepções até então desenvolvidas são aprovadas.

A esta altura, conceitos já estão firmemente estabelecidos, outros já foram abandonados, e alguns estão sendo "refinados".

Após este caminho, que parte do texto bíblico, reconhecendo a orientação de Deus ali apresentada, e a resposta às objeções levantadas (não somente pela engenhosidade humana, mas pelos princípios observados nos textos), o cristão estará mais apto a ter uma mentalidade adequada e uma resposta sólida a esta questão.

Faz-se necessário ressaltar a importância de, constantemente, ser realizada auto-análise por parte deste ser pensante, para identificar quais as pressuposições por trás de suas noções, e quais as motivações do seu coração. Por que há resistência a determinadas idéias? Por que há preferência por outras? Um coração aberto para a verdade é importante, embora esta não deixe de ser "a verdade" só porque alguém não acredita nela.

Finalmente, se você não passou por estas etapas e afirma exaltadamente determinada posição, pare de ser tolo e arrogante (arrependa-se do seu pecado), e comece a pesquisar o assunto para poder conversar com alguém sobre isso.

Não digo que esta é a única abordagem possível, mas com certeza é uma boa forma de se aproximar da vontade de Deus para os relacionamentos humanos.

Tendo estabelecido estes pontos, provavelmente utilizarei tal metodologia em posts seguintes, para analisar questões referentes ao namoro entre crentes e incrédulos e refutar opiniões erradas sobre o assunto.

Alguém poderia perguntar por que eu gasto tanto tempo falando disso. Um breve vídeo que eu postei no youtube sobre este assunto, foi dos mais vistos (e o mais discutido) da minha pequena lista de "curta-metragens" (hehe). Além disso, já escrevi, postei dois comentários em áudio refutando opiniões erradas, e falo sobre o assunto sempre que posso em conversas com jovens e adolescentes cristãos. Respondo sem embaraço: (1) Porque a Bíblia estabelece um padrão para os relacionamentos, e a quebra deste padrão é pecado e fonte de outros problemas; (2) Porque há um número considerável de pessoas (entre elas, líderes!) com posturas anti-bíblicas neste quesito; (3) Porque entre os que pensam errado, há aqueles que nunca estudaram o assunto, e precisam de algum tipo de confrontação para aprenderem a visão bíblica da coisa; (4) Porque sou jovem e vejo a luta de muitos de meus irmãos com tais questões; (5) Porque Deus é glorificado na exibição da verdade e na correção dos erros (2Co.10.5).

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