terça-feira, 7 de abril de 2009

Para os workaholics de plantão

DE VOLTA DAS FÉRIAS:

Saúde física, espiritual e a prática da vocação

1. O ASPECTO FÍSICO


DE VOLTA

Voltei das férias. Foram vinte dias de descanso, leituras, sono, e lazer. Período separado para cuidar de mim, e restabelecer as forças.

Há alguns anos conversei com uma amiga sobre a necessidade das férias para qualquer profissão, mas dei ênfase especial àqueles que trabalham com as coisas de Deus. O foco daquela discussão era o ministério pastoral, mas penso que pode ser ampliado um pouco para os auxiliares de pastores (dependendo de suas atribuições). A minha tese no diálogo era que o líder de uma igreja precisa – compulsoriamente – de um período de descanso para restaurar suas forças, sair da rotina puxada do contexto eclesiástico, e ter uns dias a sós com a família, amigos e, principalmente, Deus.

Apenas em 2009 tive a noção mais aprofundada das verdades que eu apresentei.

O HIPERATIVISMO

É bem verdade que meu ritmo é bastante intenso. Sou descaradamente um hiperativo e, às vezes, ouso me orgulhar disso. De uma maneira bastante doente as pessoas admiram aqueles que conseguem realizar ou se envolver em várias atividades ao mesmo tempo.

Por isso, ao pensar sobre o excesso de atividades, devo levar em consideração o ritmo que imprimi sobre a minha agenda. Não é estranho – para o meu estilo de vida – fazer mais de um curso, ao mesmo tempo em que trabalho e realizo projetos voluntários paralelos. A questão, contudo, não deveria ser se isso é estranho, mas se é saudável e bíblico.

A SOBRECARGA

O último retiro culminou em um processo de atividades intensas que havia sido alimentado por mim ao longo dos anos anteriores. Naqueles dias, eu acordava cedo para organizar equipamentos do som, executava as músicas em um instrumento, cuidava da parte audiovisual (gravações, fotografias, etc.), era responsável pela equipe de jornalismo, colaborava esporadicamente em alguma outra atividade que surgisse no momento, e passava as madrugadas a editar imagens e vídeos no laptop.

Pessoas dispostas e qualificadas estavam ao meu lado e prestavam valiosa ajuda, mas a minha postura “sem-limites-para-o-serviço” atrapalhava qualquer possibilidade de descanso de minha parte. No fim das contas, fiquei sobrecarregado, com uma carga que eu criei e decidi colocar sobre meus ombros.

CANSAÇO E DOENÇA

O resultado não poderia ser outro: enquanto o retorno a São Luís (o retiro foi em uma cidade do Ceará) era marcado pelas expressões de satisfação, alegria e refrigério, eu era a personificação do cansaço, estresse, tristeza, desânimo e doença.

Enquanto os outros sorriam, eu queria vomitar. O feriado dos demais valeu por uma intensa jornada de trabalho para mim. Voltei à minha terra com o ânimo e a saúde de um defunto.

A minha garganta se fechava como um cadeado. Minha cabeça latejava terrivelmente, e pelo corpo estavam as dores que me atormentavam. Agüentar horas daquela maneira na estrada foi algo doloroso, que, em si, contribuiu para me deixar ainda pior.

Passei ainda alguns dias em recuperação, até organizar os pensamentos e reconhecer que eu precisava de, nada mais nada menos, do que férias e sabedoria.

Férias para restaurar a saúde, e sabedoria para trabalhar de maneira adequada.

A BÍBLIA E O NOSSO CORPO

As Escrituras ensinam com notável clareza o valor do corpo humano, e como nós devemos ser sábios ao cuidar de nós. No contexto da imoralidade sexual, mas com aplicações bem mais extensas, o apóstolo Paulo afirma: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo” (1 Co.6.19,20).

Jetro, ao perceber o ritmo desgastante de Moisés, foi rápido em lhe falar: “O que você está fazendo não é bom. Você e o seu povo ficarão esgotados, pois essa tarefa lhe é pesada demais. Você não pode executá-la sozinho” (Êx.18.17,18).

Ainda Paulo, ao falar com os líderes em Éfeso, deixou a precisa recomendação: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que Ele comprou com o seu próprio sangue” (At.20.28).

APLICAÇÕES PARA WORKAHOLICS E DEMAIS

A Palavra de Deus oferece o antídoto para os desvios de conduta na área do esforço físico e trabalho. O mandamento do Senhor é que trabalhemos, mas com sabedoria. Para isso, é preciso:

1. Ter humildade para reconhecer as próprias limitações

2. Entender a natureza dos mandamentos Divinos sobre o corpo humano (não pertencemos a nós)

3. Buscar a glória de Deus em todas as coisas, mesmo em nosso suor diário.

Um comentário:

Joyce disse...

Perfeito Allen!
A melhor parte foi: "o ânimo e a saúde de um defunto".
Tenho me sentido assim também... e quase sempre =)
Quando adoeço não tenho dúvida que é a resposta do corpo à sobrecarga de atividades. Resultado de dormir pouco, se alimentar de forma errada e nos horários errados, dificuldade em delegar tarefas,e assim vai. Como minha mãe diz, eu quero abraçar o mundo com as pernas rsrs. Só que a gente acaba esquecendo esse lance da agressão a algo que não nos pertence né?! Nosso corpo. E como a gente "peca" nisso hein!?
Muito oportuno o seu post de hoje pra mim, muito mesmo. E de fato bateu com o que eu escrevi no meu =).

Que nosso Paizinho nos dê sabedoria sempre e que Ele continue a te usar para nos exortar assim ^^

Beijo grande

Joyce