Lá estava eu, sentado no meio do auditório, a ouvir as autoridades falando sobre aborto e eutanásia. Ao meu lado, a cadeira vermelha e vazia me encarava em seu silêncio esnobe. O padre começou a falar. Parecia um enviado das forças anti-católicas, de tanto que falou mal da sua igreja. Pergunto-me se ele é realmente padre. Mas o pior estava por vir.
Após condenar, caricaturizar e reduzir problemas éticos sem considerar a profundidade do que estava tratando (e elogiar Barack Obama gratuitamente), o padre sem batina me vem com uma surpresa daquelas fatais. Falou um pouquinho da eutanásia, da distanásia, e apresentou a sua inovadora proposta: o que deve realmente nos preocupar é a mistanásia - a morte dos pobres e miseráveis.
Ora, vejam, eu não tenho nada contra a preocupação com os pobres - pelo contrário, acho uma causa nobre e bíblica, como o capítulo 2 de Gálatas ensina. Mas alguém utilizar o velho discurso de preocupação social para fugir das questões que estão sendo discutidas é de um mal gosto sem tamanho.
Logo entendi o silêncio da cadeira vermelha. Lembrei do Nelson Rodrigues, e como desejei a sua presença ali, ao meu lado. Ele contava as presepadas do Dom Hélder Câmara (aliás, elogiado pelo padre da mistanásia) com a sua criatividade e bom-humor característicos. Perguntaram ao arcebispo algo a respeito da revoução sexual, do sexo livre e sem amor. A sua resposta? Falou que o importante era a fome do nordeste. Acho que o padre à minha frente diria exatamente a mesma coisa. Posso até vê-lo balançando a cabeça, em aprovação à belíssima reposta de Dom Hélder. Se eu fosse menos ortodoxo, diria que estava diante da reencarnação do arcebispo Câmara.
Então eu me vejo numa das memórias do Nelson, assistindo mais um "padre de passeata", um "ex-católico" falar mal da sua igreja e fugir do tema discutido para tratar dos pobres.
Essa é a racionalidade dos nossos acadêmicos. Esse é o nível das nossas palestras e colóquios. É assim que tratamos das nossas discussões, sempre fugindo dos temas propostos para posar de bonitos com uma fala política e socialmente engajada.
A esquerda é um clichê de mal gosto.
Após condenar, caricaturizar e reduzir problemas éticos sem considerar a profundidade do que estava tratando (e elogiar Barack Obama gratuitamente), o padre sem batina me vem com uma surpresa daquelas fatais. Falou um pouquinho da eutanásia, da distanásia, e apresentou a sua inovadora proposta: o que deve realmente nos preocupar é a mistanásia - a morte dos pobres e miseráveis.
Ora, vejam, eu não tenho nada contra a preocupação com os pobres - pelo contrário, acho uma causa nobre e bíblica, como o capítulo 2 de Gálatas ensina. Mas alguém utilizar o velho discurso de preocupação social para fugir das questões que estão sendo discutidas é de um mal gosto sem tamanho.
Logo entendi o silêncio da cadeira vermelha. Lembrei do Nelson Rodrigues, e como desejei a sua presença ali, ao meu lado. Ele contava as presepadas do Dom Hélder Câmara (aliás, elogiado pelo padre da mistanásia) com a sua criatividade e bom-humor característicos. Perguntaram ao arcebispo algo a respeito da revoução sexual, do sexo livre e sem amor. A sua resposta? Falou que o importante era a fome do nordeste. Acho que o padre à minha frente diria exatamente a mesma coisa. Posso até vê-lo balançando a cabeça, em aprovação à belíssima reposta de Dom Hélder. Se eu fosse menos ortodoxo, diria que estava diante da reencarnação do arcebispo Câmara.
Então eu me vejo numa das memórias do Nelson, assistindo mais um "padre de passeata", um "ex-católico" falar mal da sua igreja e fugir do tema discutido para tratar dos pobres.
Essa é a racionalidade dos nossos acadêmicos. Esse é o nível das nossas palestras e colóquios. É assim que tratamos das nossas discussões, sempre fugindo dos temas propostos para posar de bonitos com uma fala política e socialmente engajada.
A esquerda é um clichê de mal gosto.
Um comentário:
Homofobia, mistanásia... tem mais? Essa mistanásia vai entrar para aquela galeria de crimes coletivos, dos quais todos são culpados, mesmo que ninguém tenha responsabilidade sobre eles.
Mas ela entra também para uma outra. A categoria dos crimes que se moldam ao culpado, voltam no tempo e metem-lhe uma algema. Raio... como é isso? Antes os crimes eram cometidos sobre consensos presentes, agora temos que viver pensando no próximo crime que vão inventar para nos acusar? Coisa para Kafka.
No fim das contas é mais uma dessas pragas linguísticas que atacam a boca dos de baixa taxa de imunidade do sistema intelectual. Essa idéia de mistanásia aplicada ao esquerdismo é tão boba, tão meninesca, que com um pequenino esforço de mídia e academia (e igreja... que triste...) tem tudo para contaminar o país inteiro.
Postar um comentário