sexta-feira, 24 de julho de 2009

A origem da conversa sobre santidade

Tenho sugerido que o tema seja entendido a partir da matriz CRIAÇÃO-QUEDA-REDENÇÃO. Esse prisma possibilita a percepção do assunto num eixo histórica e teologicamente sadio.

CRIAÇÃO

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, na condição de pureza original. Santidade não era uma discussão ou uma batalha para Adão e Eva, era simplesmente a sua maneira de viver no jardim de Deus.

Pensar a santidade na ótica da criação revela o propósito de Deus em Seu ato criador – um ser puro para viver a fim de Lhe dar glória (Is.43.7). A Trindade, em Seu poder e criatividade, formou o homem com a capacidade de se relacionar consigo, com o próximo, com o resto da criação, e com o Criador.

A harmonia do Éden indica os efeitos da vida segundo Deus – a vida santa. Implicações existenciais nas mais variadas esferas são percebidas, partindo de um coração submisso ao Pai, e uma visão de mundo revelada e sustentada pelo Senhor.

QUEDA

Ceder ao pecado trouxe a miséria e desgraça à vida humana. A desarmonia entrou no mundo, e os conflitos foram percebidos. Por causa da queda histórica, o homem sofreu rupturas no relacionamento consigo, com o próximo, com a criação, e com o Criador.

Santidade não era mais algo natural. O estado original foi perdido, e uma “nova” natureza perversa acompanha os seres humanos. Eles passam a ser maus, depravados, cegos, obscurecidos no entendimento, mortos, e inimigos de Deus.

A ordem cedeu espaço ao caos, e o homem é encontrado no meio desta crise. Isso indica a inexistência de elementos pelos quais os seres humanos possam se orgulhar diante de Deus. Somos inúteis (Rm.3.9-11). Indica também que precisamos de ajuda externa para vivermos conforme deseja o Senhor.

REDENÇÃO

Felizmente, Deus não permitiu que o caos determinasse o estágio final da raça humana. Ele mesmo providenciou a solução para o problema do homem, e fez isto através de Jesus.

De maneira objetiva, Cristo viveu uma vida justa e levou sobre si os pecados o Deus povo. Ele morreu no lugar da Igreja, para pegar os pecados dela, e garantir o nosso lugar junto ao Pai.

Deus começa a restaurar a santidade no homem através de Jesus. Ao ouvir a pregação de Cristo, o ser humano no qual o Espírito Santo age é levado a se arrepender dos seus pecados e crer no Senhor. A morte objetiva de Jesus é aplicada pelo Espírito Santo ao cristão, de maneira que, havendo a regeneração, o crente é declarado justo com base na obra consumada de Jesus (justificação). O passo seguinte é a santificação.

Nessa perspectiva, o cristão se aproxima da santidade entendendo o projeto do Altíssimo, e percebendo as suas contradições internas, geradas por uma vida de imperfeição decorrente da queda histórica. Não há espaço para orgulho ou soberba, pois mesmo a santidade é operada por Deus, o Espírito Santo, na vida do Cristão .

Na redenção a Trindade está a restaurar a criação. Uma restauração cósmica, que atingirá cada aspecto da vida humana até que a glorificação seja real. Viver em santidade é agir conforme o propósito de Deus, para a sua glória, mesmo entendendo que, por causa da Queda, a imperfeição marca a vida do crente nesta Terra.

Ainda assim, a esperança é real, pois Deus está reconstruindo/restaurando o Seu jardim, um lugar onde a santidade será real e perfeita, na presença de Deus.

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