segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Por que é bom ser plástico


Quando você é plástico, ninguém percebe as rugas no seu rosto e as falhas em sua vida. Tudo se encaixa perfeitamente naquilo que os outros esperam do seu comportamento. Devidamente domesticado, suas atitudes sempre buscarão - e encontrarão - o aplauso de quem o vigia.

Sua embalagem dócil nunca causará espantos ou conflitos. Seu sorriso nunca sairá amarelado. Você nunca terá dores ou dificuldades. Seu ibope sempre terá níveis estratosféricos, e mesmo as pessoas mais antipáticas terão segurança em você.

Ser plástico é ser previsível e seguro, é se adequar às exigências das massas, ser moldado conforme as pressões externas e a elas responder com o polegar levantado. É sempre dizer sim, e por isso ser querido. É balançar a cabeça, servilmente, ao que lhe apresentam.

Não confundamos, contudo, a plasticidade com a mansidão e o espírito humilde. O plástico tem brilho próprio. Ele não é humilde nem manso, apenas busca a satisfação por meio dos aplausos alheios. E os recebe. Sempre há meia dúzia de mãos dispostas a aplaudir quem lhes obedeça.

O sujeito plástico é um jogador. Ele deseja aprovação, e se envolve num jogo de manipulação muito severo. As mãos buscam domínio, e  o aplaudem nessa expectativa. O som das palmas ressoa no íntimo do indivíduo, arrepiando-lho até o último fio de cabelo, e assim ele se submete ao que for preciso para ter esta nova experiência. Ele joga conforme os seus interesses, e participa de um jogo maior.

Viver em harmonia eterna, ainda que fingida, produz os melhores resultados para a sociedade. O plástico é um pragmático.

Um comentário:

Ivonete Silva disse...

Nossa que texto bom ein? Você se supera...