Estou eu no escritório, quando o telefone toca:
-Alô? (às vezes eu atendo perguntando...)
-Allen?
-Oi.
-Aqui é _____. Estamos escrevendo uma matéria para o jornal, e gostaríamos de saber o que os evangélicos pensam sobre o dia de finados.
Conversamos por alguns minutos. O suficiente para noções gerais a respeito de textos como Hb.9.28 e a perspectiva de que podemos respeitar a agenda cultural e relembrar os finados, sem fazer preces a eles ou por eles. Sobrou um tempinho ainda para questionamentos teológicos mais aprofundados, como a questão a respeito do estado intermediário (em português simples: como e onde a alma fica entre a morte e a vinda de Jesus).
Mas lá estamos nós conversando e ela solta a pergunta indiscreta:
-Você é pastor, né?
-Não, não. Trabalho com os pastores de minha igreja, mas eu mesmo ainda não sou oficialmente considerado um.
-Hum... então vou colocar aqui "Teólogo".
-Por que não coloca simplesmente "cristão"?
-Que tal "estudioso da teologia"?
-Tá, acho que esse rola.
Mais ou menos assim. Nosso bate-papo não teve exatamente essas palavras, mas esse teor.
Descubro, hoje, que a reportagem foi publicada no Domingo. Para a minha surpresa, descobri que fui promovido: Se a ordem dos pastores batistas do Brasil (OPBB) ainda não reconheceu minha ordenação, a jornalista praticou a sua imposição de mãos e me consagrou ao ministério.
Ganhei, com o upgrade, uma citação direta que eu simplesmente não lembro ter pronunciado. De qualquer maneira, a jornalista preservou a idéia do diálogo, e assim fica tudo bem.
Será que na nossa próxima conversa eu viro "bispo"?
__
À jornalista: obrigado por preservar o conteúdo geral do bate-papo.
3 comentários:
Que gracinha eu quero uma cópia desse jornal!
Allen,
Quase sempre que visito uma igreja da região, e me dão á palavra, começo com um desmentido: "não, não sou pastor". Quando devolvo a palavra, corrigem: "presbítero/evangelista/diácono". Mas aí já não dá mais para emendar.
O mais engraçado é que uma vez liguei da secretaria da igreja para o Conselho Nacional, para pedir alguns materiais. Então, todo ano, passei a receber o boleto para pagar "anuidade pastoral". Como apenas ignorei, quando soube estava numa relação de pastores inadimplentes... ainda bem que resolveram o mal entendido.
Parabéns pela matéria.
Clóvis
Allen,
Como jornalista, sei mais ou menos o que deve ter acontecido. Ela deve ter sido orientada na pauta a procurar um pastor. E aí ela te achou. Mas, como um teólogo ou apenas "cristão" não é fonte com autoridade para o jornalismo, então ela fingiu que não ouviu e te promoveu.
Baseado na minha experiência...é o que aconteceu, rs. Mas espero que a promoção tenha sido, caham, "profética", heheh.
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