Analisar a obra a partir da tríade Criação-Queda-Redenção permite o entendimento mais aprofundado da cosmovisão adotada pelos produtores. O filme não apresenta diretamente todos os pontos, por isso um caminho alternativo deve ser tomado na compreensão da obra.
O elemento claramente apresentado é a Redenção: Truman alcança o seu objetivo ao se contrapôr a Christof, saindo do estúdio (e do programa) para viver uma vida autônoma.
A partir da estrutura redentiva apresentada na obra, percebe-se o estágio ideal, do qual o homem foi alienado, e para o qual deseja retornar. Isso revela os demais pontos, a saber, a Criação e a Queda.
O estágio ideal de homem, segundo a obra de Weir, é o ser humano livre e autônomo. A Criação, na perspectiva dos produtores, aponta para um ser humano dirigido por si mesmo, uma “lei para si”.
A Queda reflete a perda desta identidade original, ou deste estágio ideal. Ela retrata os conflitos existentes na humanidade a partir da alienação produzida em algum ponto da história humana.
Na obra em foco, Truman perde a condição de liberdade quando é adotado pela empresa, e inserido, desde a infância, no reality show. É nessa escravidão, cumprindo o script de Christof, que ele lutará pela liberdade de ir e vir, de fazer as próprias escolhas, e de viver como lhe agrada.
A Redenção, conforme apresentado acima, é o resgate do estágio ideal – talvez não exatamente como era antes, mas certamente sem alguns dilemas produzidos pela Queda. Nesse contexto, Truman desafia a todos para garantir a sua condição de homem autônomo.
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