Eis um livro emocionante e agradável. Não agradável do tipo que você se sente confortável enquanto lê. De modo algum. Agradável por produzir o tipo de desconforto necessário para a reflexão.
Nicholas Wolterstorff - filósofo cristão - escreve desabafos e reflexões sobre a morte do filho, Eric (25 anos), que se foi enquanto tentava escalar uma montanha.
A leitura me lembrou, de alguma maneira, a anatomia de uma dor do C. S. Lewis. Wolterstorff não esconde de modo algum a sua dor, colocando uma máscara de tranquilidade. Pelo contrário, ele a assume e decide viver com essa dor como uma forma de honrar a Deus e ao seu filho falecido.
O desafio de não se entregar a fórmulas prontas, nem mascarar sentimentos, revela uma postura interessante e madura do autor - bastante desafiadora para os nossos tempos de "prosperidade" (ligue a TV em um programa evangélico e você entenderá o que eu digo).
Apenas discordei da luta para livrar Deus de uma participação na morte do Eric. Certamente existem muitas questões a serem consideradas - muitas das quais nem podemos compreender, como Nicholas deixa claro. Ainda assim, tentar desculpar Deus pelos eventos ruins que nos acontecem pode ser perigoso.
A obra é boa, e vale a pena ser lida. Talvez a combinação do livro de Jó, com "A Anatomia de uma Dor" (C. S. Lewis) e "Lamento" (Wolterstorff) seja a melhor expressão do clamor de quem sofre.
Um comentário:
Que bom que gostou do livro meu amor!
Eles deveriam traduzir outros livros do Wolterstorff né?
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