Observei algo no blog do Gito (ele novamente), e aguardei pra ver se alguém se manifestaria. Não queria deixar a impressão de que tenho algo contra o missionário. Mas, no silêncio da multidão, sou obrigado a falar novamente, independentemente da impressão que vai ficar.
Aliás, ele já escreveu sobre a minha análise superficial, e minha auto-proclamação intelectual, então, como já fui rotulado, talvez nem tenha com o que me preocupar.
Vamos ao ponto. O Gito é um dos poucos caras com coragem para postar o seu apoio ao manifesto contra a anistia aos torturadores. Se a frase ficou meio confusa - como eu achei que ficou - digo em linhas simples: o Gito é contra o perdão político aos militares que torturaram a galera no período da ditadura.
Talvez o meu problema seja o de querer entender as coisas dentro do seu contexto. Leiam o blog do missionário. Lá vocês encontrarão vários textos de solidariedade aos oprimidos, mas não encontrarão um em favor das vítimas do terrorismo de esquerda no período da ditadura.
O Reinaldo Azevedo, por exemplo, listou um número absurdo de vítimas das ações revolucionárias nesse período. Em nome da "liberdade" e "solidariedade", contra os "ianques opressores", e o imperialismo, etc., etc., os jovens cometeram atrocidades contra (1) o povo - civis que nada tinham a ver com a história; (2) os militares - muitos mortos cruelmente, dentre os quais alguns soldados que apenas cumpriam ordens; (3) estrangeiros - como o capitão americano Charles Chandler, morto diante do filho e da esposa; e (4) os seus parceiros - sob suspeitas de traição, muitos dos revolucionários assassinaram seus colegas, por amor à causa.
E assim eu vejo o Gito se colocando ao lado dos terroristas, para condenar os torturadores. Lá está ele, apoiando o manifesto, ao lado de nomes como Frei Betto, Leandro Konder, Marilena Chauí, João Pedro Stedile e Emir Sader, todos reconhecidamente esquerdistas. Coincidência?
Em simples linhas: o missionário se solidariza com os torturados, que assassinaram muitos, mas não quer o perdão dos torturadores.
Eu não sou a favor da tortura, de modo algum, mas não posso concordar com esse senso de proporcionalidade que perdoa uns assassinos e condena outros.
Será que a solidariedade só deve ser voltada para os da esquerda, ou para quem faz uma campanha?
O Reinaldo Azevedo, por exemplo, listou um número absurdo de vítimas das ações revolucionárias nesse período. Em nome da "liberdade" e "solidariedade", contra os "ianques opressores", e o imperialismo, etc., etc., os jovens cometeram atrocidades contra (1) o povo - civis que nada tinham a ver com a história; (2) os militares - muitos mortos cruelmente, dentre os quais alguns soldados que apenas cumpriam ordens; (3) estrangeiros - como o capitão americano Charles Chandler, morto diante do filho e da esposa; e (4) os seus parceiros - sob suspeitas de traição, muitos dos revolucionários assassinaram seus colegas, por amor à causa.
E assim eu vejo o Gito se colocando ao lado dos terroristas, para condenar os torturadores. Lá está ele, apoiando o manifesto, ao lado de nomes como Frei Betto, Leandro Konder, Marilena Chauí, João Pedro Stedile e Emir Sader, todos reconhecidamente esquerdistas. Coincidência?
Em simples linhas: o missionário se solidariza com os torturados, que assassinaram muitos, mas não quer o perdão dos torturadores.
Eu não sou a favor da tortura, de modo algum, mas não posso concordar com esse senso de proporcionalidade que perdoa uns assassinos e condena outros.
Será que a solidariedade só deve ser voltada para os da esquerda, ou para quem faz uma campanha?
4 comentários:
Bem, bem... Eliminando os simplismos, vamos à questão. Primeiro, são duas situações diferentes: uns detinham o poder do ESTADO (ilegítimo) e outros resistiam a esse poder, usando de todos os meios e métodos disponíveis ante a disparidade de forças.
Todos, no entando, cometeram crimes, ou pelo menos excessos puníveis. Logo, todos são responsáveis, são imputáveis criminalmente. Nessa ótica, TODOS devem responder por seus crimes.
No entanto, a meu ver, anistia é anistia. Portanto, se aquelas pessoas foram anistiadas, não importando se de esquerda ou direita, os seus crimes não podem ser reavaliados, uma vez que foram alcançados por aquela figura processual, cujas consequências jurídicas se materializaram perenemente (ato perfeito e coisa julgada?).
Gostando ou não, com a anistia ninguém deve ser punido. Essa é mais uma besteira dos aloprados de plnatão do PT.
Ricardo
Olá Ricardo, o fato de uns terem o poder o Estado e outros resistirem a esse poder não altera o fato de que ambos cometeram atos perversos.
Aliás, em uma revolução sempre vai haver o governo contra os revolucionários, então não é estranho que isso tenha acontecido. Digo estranho, mas não afirmo que é algo agradável.
Como você disse, todos cometeram crimes, e todos devem responder por eles. O que me incomoda é esse teatrinho esquerdista no qual apenas os revolucionários são vítimas.
Eles tentam tranformar a nossa percepção da realidade em um esquema maniqueísta, no qual os comunistas são do bem, e os militares do mal.
Sem essa pro meu lado.
Obrigado pelo comentário.
Allen,
Há dois tipos de revolução: aquela pela qual se muda pela vontade legítima, através da revolução pacífica ante a vontade popular, e aquela ilegítima, imposta, como no caso do "Golpe de Estado" perpetrado no Brasil em 1964. Não há santos aí.
Detesto essa ideia retrógrada de comunismo (principalmente no Brasil), não só maniqueísta como ultrapassada. Não mais existe URRS. Marxismo é coisa do passado.
Entendo o que você diz, mas de fato a luta daqueles que se opunham à ditadura era legítima (naquele momento) - sendo eles comunistas, anarquistas, democratas ou o que o valha. O Estado, por sua vez, não era legítimo, mas foi LEGITIMADO PELA FORÇA, logo, não se pode conceber a ideia de governo. Montesquieu que o diga!
Mantenho o que disse: uma vez concedida a anistia, o perdão se pereniza, tanto para "uns" quanto para "outros". O resto é balela retórico-esquerdista do PT com os seus aloprados.
Ricardo
Ol;a Ricardo,
Concordo que a luta contra a ditadura é legítima, independente de onde ela vem. Ainda assim, não posso concordar com o modo como a luta foi "organizada".
De qualquer modo, concordo com você.
Abraço
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