terça-feira, 3 de agosto de 2010

Aplicando as lições de Jonas

NOTA: O texto faz mais sentido no contexto de estudos em Jonas. Foi redigido por ocasião do encerramento de uma série de palestras no livro. Publico aqui no blog, pois pode ajudar aqueles que estiverem lendo o relato do profeta.

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Estudamos, no último mês, o difícil livro de Jonas. Digo difícil pelo paradoxal ensino de um profeta sem amor, que termina a sua missão chateado porque Deus demonstrou misericórdia aos que ouviram a pregação, creram e se arrependeram.

Percebemos nuances desafiadoras sobre a vocação de Deus, a missão da igreja e dos cristãos, a obra evangelística, as consequências da obediência e da desobediência, etc., etc. O que segue tais exposições não é o tradicional ato de colocar o livro de Jonas novamente na prateleira e partir para uma nova obra, sem muito compromisso. Pelo contrário, o desafio diante de nós é o de aprendermos os princípios do livro, para aplicarmos tais ensinamentos ao nosso cotidiano.

Como um resumão, ofereço os seguintes princípios e aplicações:

1 Deus chama pessoas imperfeitas. Homens falhos como Jonas, você e eu somos vocacionados por Deus para o cumprimento da missão. Isso significa que não devemos, nem podemos, ter a expectativa de perfeição antes de nos engajarmos na obra do Senhor. Pelo contrário, mesmo imperfeitos, somos chamados ao serviço.

2 Deus trata as pessoas imperfeitas ao longo da missão. Enquanto respondemos positivamente ao chamado de Deus, somos por ele tratados em nossas mazelas e pecados – purificados pelo Altíssimo, e por Ele habilitados para uma atuação fiel.

3 A soberania de Deus garante o cumprimento da Sua vontade. Por mais que Jonas lutasse para fugir de Deus, foi alcançado, e Deus o fez ser obediente. Do mesmo modo, precisamos entender que a vontade soberana de Deus está acima dos nossos desejos. Tudo está submetido ao Seu querer. Por isso, podemos descansar na certeza de que os planos do Senhor nunca serão frustrados.

4 Deus disciplina quem ama. O Senhor exerce juízo sobre o Seu povo, para ensiná-lo tratá-lo. Precisamos receber o juízo de Deus como expressão do Seu amor por nós. Deus está mais interessado em nossa salvação do que em nosso bem-estar.

5 A pregação é o método escolhido por Deus para a salvação de vidas. Longe do showbiz, dos espetáculos ou técnicas de manipulação e convencimento, o anúncio da Palavra de Deus é o meio por Ele escolhido para a salvação de vidas. Isso nos ensina a abrir mão da confiança em recursos, para nos apegarmos à mensagem fiel da Escritura.

6 Deus pode salvar mesmo os pecadores mais endurecidos. Os assírios ninivitas eram perversos e brutais. Qualquer observador externo diria que eles eram os típicos “nós cegos”, sem esperança de transformação. Mas o Deus misericordioso deu a eles a fé e o arrependimento, e transformou a sua vida. Isso nos ensina que podemos ter esperança mesmo diante daquelas pessoas a quem reputamos por eternamente perdidas. Como Jonas ensina: “a salvação pertence ao Senhor” (Jn.2.9). Cabe-nos a pregação da Palavra, e Deus se encarrega de fazer o resto. Por isso podemos ter esperança!

7 O processo de santificação e tratamento Divino continua ao longo desta vida. Jonas terminou o livro chateado pela salvação dos ninivitas. Mesmo após a disciplina do Senhor, e a sua obediência, ele demonstrou novamente que é um pecador, e se irou com Deus por causa da misericórdia demonstrada para com os assírios em questão. E, novamente, Deus foi ensiná-lo uma lição, e tratar o coração do profeta. Assim acontece conosco. Somos disciplinados, aprendemos, e em seguida voltamos a pecar. Deus misericordiosamente nos ensina novamente, aprendemos a nova lição, e pecamos em outra área. Por isso, podemos dizer como Lutero, somos “justos e pecadores”, pois a obra completa de Jesus nos garantiu a bênção da salvação e somos vistos como justos pelo Pai por causa do Filho, mas ao mesmo tempo estamos sendo trabalhados em nossos pecados e contradições, porque a obra de santificação ainda está sendo desenvolvida.

Pratiquemos, pois, esses pontos. Vivamos a partir de tal perspectiva, e sejamos testemunhas fiéis do Deus que nos tem tranformado.

Soli Deo Gloria.

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