sábado, 11 de agosto de 2007

O paradoxo da intimidade

Na agenda das igrejas o tema da intimidade com Deus está em alta. Isto pode ser facilmente percebido através de uma breve consideração das inúmeras músicas surgidas nos últimos anos sobre a temática. Houve até quem descrevesse tal intimidade como as travessuras de uma criança diante de um pai desatento. Isto me leva a crer que há uma terrível confusão sobre o assunto. O tema da intimidade, embora muito discutido, é trabalhado de forma anti-bíblica, e contribui para distorções no pensamento cristão, que são refletidas na prática diárias das igrejas.

Muitos pensam que ter intimidade com Deus é falar como Ele como se falassem com seus cônjuges, noiv@s ou namorad@s. Certamente esta não é a visão das Escrituras. Deus é o Senhor de toda a terra, e algumas pessoas têm esquecido tal verdade. Ele é apresentado como Fogo consumidor, transcendente, soberano, Altíssimo, e uma série de outras qualificações que O distanciam consideravelmente de nós. Falar a Ele com um tom sensual, como acontece hoje em dia, é, na melhor das hipóteses, uma tolice, e, na pior, uma blasfêmia.

A Bíblia ensina uma bela lição sobre a intimidade com Deus no Salmo 25.14:

A intimidade do Senhor é para os que O temem,
aos quais Ele dará a conhecer a Sua aliança

Eis o paradoxo, e a contramão de todo o pensamento contemporâneo sobre a intimidade com o Pai! A intimidade com Deus não é conquistada por meio de palavras sensuais. Não! Ela não é adquirida por meio de músicas infantis, e não virá por chamarmos Deus de “Papai”, “Paizinho”, ou qualquer coisa parecida (embora eu reconheça que a Bíblia utiliza a expressão Aba Pai, que dá essa idéia de Paizinho – ainda assim, ela não é utilizada com a mentalidade contemporânea). Pelo contrário, a intimidade é conquistada no âmbito do temor.

Que verdade interessante! É somente quando abandonamos essa idéia de tratarmos Deus como um vizinho ou um parceiro da escola ou trabalho, e O contemplamos como o nosso Senhor, que podemos ter intimidade com Ele. É somente quando abandonamos as concepções de um Deus tão próximo que chegou a ser banal, e O observamos distante, reinando soberanamente sobre o universo, que podemos chegar mais perto dEle.

A intimidade do Senhor não é para os tolos. Não é para os “entrosados”. Não é para os intrometidos. É para os que temem o Pai. É para os que consideram a solenidade da presença de Deus. É para os que primeiro choram os seus pecados, e consideram a maldade de seus atos. É para os que primeiro querem fugir da presença do Rei, por considerarem-se indignos de tamanha graça. Estes serão os que terão intimidade com Deus.

O Senhor nos conceda temor dEle, para que tenhamos essa intimidade bíblica, e nada mais.

2 comentários:

MamaNunes disse...

Olá Ale!
Minha alegria é saber que o Senhor sonda os corações e sabe onde está a verdadeira reverência.
Um abraço
Graça e paz!

Anônimo disse...

Realmente você abriu meus olhos amigo. É a primeira ves que visito o seu blog, e achei muito interessante o seu modo de pensar.


Que Deus continue te abençoando, e continue te usando p/ abençoar a vida de várias pessoas através da sua vida e atraves desse blog.

Um grande abraço, Esdras.