quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quinta à tarde


A Feira do Livro é o meu Marafolia. Digo isto e já não sei se esta é uma boa figura. Entro no shopping calmo de São Luís e logo vejo o alvoroço: são os jovens – o futuro da nação – comprando 30 centímetros de tecido por não menos de R$200,00. O marafolia é um paradoxo incrível. No meio da avenida ensurdecida pelo trio e fedendo a cerveja não há desigualdade social – ali estão juntos o riquinho mimado e o pobre. As classes sociais se encontram, extasiadas, no corredor da folia.

Dizia eu: entro no shopping e vejo a fila para receber o abada. Ando mais um pouco e vejo outra multidão, esperando para comprar a vestimenta. Observando o grupo e caminhando para a praça de alimentação vejo um conhecido. “Esse cara não era crente?”. Aperto a mão dele, vejo o seu sorriso amarelo, e saio sem perguntar nada.

Em três dias os problemas do mundo desaparecem e tudo o que existirá são os enormes trios, a música baiana, as drogas – lícitas ou não – e a promiscuidade. Para os que curtem, será uma grande festa.

E assim eu descubro que a minha festa é a Feira do Livro que começa hoje aqui na ilha. Nada de axé, multidão ensandecida ou beijos pornográficos em quem estiver pela frente. Viajo mesmo é em saber que os corredores pelos quais passarei estarão lotados da produção intelectual de bons e maus autores, que contribuirão para a minha formação.

Talvez alguns tentem entender este post como a declaração de uma verdade relativista do tipo “cada um se diverte com o que quer”. Não é nada disso. O marafolia apenas deixará os seus participantes com menos dinheiro e mais burros.

A feira começa hoje, às 19h.

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