terça-feira, 4 de novembro de 2008

5 Reformadores

Lá estava eu diante daqueles jovens. Nelson Rodrigues dizia que o jovem não tem nada melhor do que ninguém, e ainda tem o defeito da imaturidade. Eu concordo. Mas volto à minha história. Perguntava eu se alguém poderia me dizer o nome de cinco reformadores - aquele pessoal que coordenou a Reforma Protestante.
Cinco é um número relativamente pequeno. A Europa é grande, e a Reforma teve dimensões colossais. Além disso, a resposta valia um prêmio. As pessoas ficam loucas por prêmios. Vi pessoas brigando para conseguirem um brinde.
Eis a situação: eu diante daquele povo, pedindo o nome de cinco agentes da Reforma, com um presente na mão para quem acertasse. Que resposta eu tive? Um enorme silêncio, daqueles que preenchem o ambiente com a sua gravidade. Subitamente a imagem da neblina na estrada me veio à mente. E lá estávamos: eu aguardando a resposta, os jovens calados, e o auditório sendo preenchido pela densa e negra neblina do silêncio.
Ninguém sabe mais o nome dos instrumentos de Deus no movimento do Século XVI. Saber o nome de alguém na cultura hebraica indicava conhecer o caráter da pessoa. Nessa perspectiva a situação fica pior ainda, e eu reformulo a sentença: ninguém sabe mais o nome, o caráter, as realizações, os ensinamentos, ou qualquer outro detalhe sobre a Reforma Protestante.
Todos cegos pela neblina que preenchia o local, e confusos em sua amnésia, só podiam aguardar algum movimento externo que os livrasse daquela situação. Acho até que ouvi alguém dizer: "poxa, eu queria saber pra ganhar a camisa" (o prêmio era uma camisa - esqueci de dizer). Ou por outra: não ouvi ninguém dizer isso, apenas queria ter ouvido.
Então eu cheguei à triste constatação: nem mesmo um brinde faz um jovem cristão acertar algo sobre a Reforma, ou, abrindo o leque, sobre a história da Igreja.
Somos a geração mais presunçosa de todos os tempos. Queremos cantar a nossa glória em quase todas as canções (já cansei de ouvir que esta é a geração que marca, que faz isso, que faz aquilo, etc., etc.), mas não sabemos nada de nada.
Uma geração sem história é uma geração sem identidade. Uma geração sem identidade é um povo sem rumo. Um povo sem rumo não marca nada nem ninguém, pelo contrário, perde-se na primeira bifurcação do caminho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Allen, esta realidade pode ser vista também em minha comunidade. As vezes me sinto na contra mão de meus irmãos, tenho minhas convicções mas e muito triste ver a naioria dos evangelicos apaticos a reforma.


Forte abraço.