quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Livrim: Ídolos do coração & Feira das vaidades: vida cristã, motivação individual e condicionamento sociológico, David Powlison, Ed. Refúgio, 82p.

POWLISON, David. Ídolos do coração & Feira das vaidades: vida cristã, motivação individual e condicionamento sociológico. Brasília: Refúgio, 1996.

A questão básica tratada na obra de Powlison é a adequação dão conteúdo das Escrituras às contribuições das ciências comportamentais, ou vice-versa. O autor busca o equilíbrio que caracteriza uma abordagem saudável, centrada na Palavra de Deus, sem desconsiderar elementos da sociologia ou psicologia.

Para tanto, a Idolatria se estabelece como conceito-chave. Powlison indica ser este o tema mais discutido na Bíblia (p.21). A partir deste prisma ele pode pensar sobre a relação entre as influências internas e externas no comportamento humano.

Outra ferramenta se faz importante para se falar de comportamento, e para isso ele utiliza a categoria da motivação. Ela é definida pelo autor como o que regula o comportamento. Assim ele volta a pensar as influências internas e externas, percebendo o problema do coração humano – a idolatria está dentro – e o problema social – a idolatria está fora.

Sobre o problema interno, o autor indica o equivalente neotestamentário para a idolatria: o desejo. Quanto ao externo, a expressão de Powlison remonta à literatura alegórica de John Bunyan. Ele fala da idolatria social como “a feira das vaidades”. Para Powlison, a compreensão desta dinâmica é fundamental no aconselhamento.

A tensão tríplice é apresentada pelo autor. Deve haver uma adequada consideração da (1) responsabilidade individual, (2) da influência social, e (3) das motivações interiores. É comum perceber a ênfase de um elemento sobre os demais, como o Moralismo, que eleva a responsabilidade, as Psicologias Comportamentais, que enfatizam o ambiente, e as Psicologias Humanistas, que ressaltam a auto-determinação.

Uma abordagem equilibrada, segundo Powlison, repousa sobre a visão unificada do homem, apresentada pelas Escrituras. Nota-se aqui a coerência com o discurso de Pearcey, Walsh e Middleton, que denunciam os reducionismos como prejudiciais à compreensão da realidade.

Em sua análise, o autor não afirma ter a pretensão de compreender plenamente o coração humano. Reconhece as limitações do analista, contudo, afirma que, embora não seja possível uma percepção exaustiva, ainda assim uma verdadeira e suficiente é atingida.

A psicologia da idolatria apresenta, portanto, o equilíbrio entre os elementos internos e externos, na medida em que trabalha com o fenômeno unificador: o religioso.

A interpretação multiperspectiva, defendida pelo autor, leva em consideração aspectos espirituais, somáticos, sociais, volitivos, bem como a Providência de Deus experimentada.

Na conclusão de sua análise, Powlison fala sobre a questão do senhorio, e indica como a compreensão desta perspectiva contribui para atingir o foco do aconselhamento: a aplicação do Evangelho. Para evitar dúvidas, ele encerra respondendo à pergunta “o que é o evangelho?”. Desconstrói noções errôneas de um evangelismo centrado no homem, e aponta para Jesus como o Ser proeminente na história da Redenção.

Um comentário:

matheusme disse...

Uau, gostei desta nova sessão !