quarta-feira, 24 de março de 2010

Adoração para toda a vida [3]

2 É realizada por meio de Jesus

Na teologia norte-americana, o cristianismo ainda é essencialmente religião e ética. (…) Por causa disso, a pessoa e a obra de Cristo, na teologia, vão permanecer em segundo plano e, por longo prazo, ficar incompreendidas, porque não são reconhecidas como o único fundamento de julgamento e de perdão radical.
Dietrich Bonhoeffer

O segundo ponto de nossa análise destes versos de Hebreus 13 é sobre o meio pelo qual a nossa adoração é oferecida ao Pai.

O autor bíblico não deixa dúvidas sobre o caminho da adoração. Ele passa necessariamente por Jesus. Considerando o papel exclusivo de Jesus como o mediador entre Deus e os homens, como 1Tm.2.52 afirma, é impossível uma adoração que não tenha Jesus como intermediário.

Em outras palavras, a Escritura está afirmando que a nossa adoração, para ser fiel, verdadeira, e agradável a Deus, precisa considerar a obra de Jesus como o único meio pelo qual ela chega ao Pai. É somente com base nos méritos de Cristo que nos tornamos adoradores. Somente pelo sangue derramado na cruz que a nossa adoração pode chegar a Deus. Exclusivamente pela vida perfeita de Jesus que nossos cânticos podem fazer algum sentido para Deus. Unicamente pela morte e ressurreição do Messias que nossas orações são aceitas pelo Pai. Somente pela atual intercessão do Filho que a nossa vida é recebida por Deus como adoração.

Jesus tem papel proeminente em nossa adoração. Adorar ao Pai por meio do Filho significa prestar adoração verdadeiramente aprovada pelo Filho – como a Sua Palavra nos ensina.
Novamente, este parece um ponto de fácil compreensão na igreja, mas na prática encontramos grande confusão. Os problemas surgem, primeiramente, por (1) uma concepção errônea de quem é Jesus. Depois, por (2) uma visão errada da obra de Jesus. Finalmente, por (3) um relacionamento errado com Jesus.

(1) O Jesus dos nossos dias foi descrito por Eugene Peterson como “O Cristo genérico”. Ele é tudo, menos Deus. É um ótimo psicólogo, um mestre no ensino, um grande filósofo, um perfeito exemplo moral, um excelente administrador, mas apenas isto.

Muitos de nós temos caído nas armadilhas culturais de releitura de Jesus. Por vezes ficamos sensibilizados com o Jesus não-institucional e desastrado dA Cabana, ou ficamos “balançados” pelo Jesus cool (legal) de filmes como Dogma ou O balconista 2, ou ainda ficamos em dúvida com o Jesus fornicador do Código Da Vinci.

Quando a nossa visão do Messias é comprometida, torna-se impossível prestarmos uma adoração a Deus, pois o caminho da adoração foi rompido. Se não temos mais um Mediador entre Deus e os homens, não temos mais relacionamento com o Pai, nem verdadeira adoração.
(2)A obra de Jesus tem sido igualmente atacada. Se Jesus não é quem pensávamos que era, Ele também não deve ter feito o que dizem que fez. É assim que a obra redentora de Jesus é reduzida a um nível inútil de exemplo moral.

Jesus não é mais a propiciação pelos nossos pecados. Não é mais aquele que viveu a vida perfeita em nosso lugar, morreu e recebeu a ira e punição de Deus em nosso lugar, e ressuscitou e intercede diante do Pai por nós. Para a mentalidade comum, Jesus apenas deixou um exemplo de como devemos viver – é apenas um moralista.

Quando perdemos noção da morte vicária (substitutiva) de Jesus, perdemos o poder da cruz. Jesus não veio para deixar um exemplo moral – Ele veio para pagar o preço pela nossa salvação.
Os mais comedidos tentam diminuir o poder da obra de Jesus de modo sutil – eles afirmam que Jesus não salvou na cruz, Ele apenas tornou possível a salvação. Contra este erro, nós afirmamos, baseados no ensinamento do próprio Jesus, que Ele dá a vida pelas Suas ovelhas (Jo.10.115), que Ele é a propiciação pelos nossos pecados (1Jo.2.26), que comprou com o Seu sangue homens para Deus (Ap.5.97). Em outras palavras, Cristo não tornou possível a salvação na cruz, Ele efetivamente salvou. É isso que nos dá segurança.

Se diminuirmos a obra mediadora de Jesus, nossa adoração também se perde.
(3)O relacionamento com Jesus também é afetado. Muitos de nós estão buscando desenvolver um estilo de adoração autônomo, que, além de insano, é perigoso.

Tentamos criar atalhos para a adoração, que não passam pelo Messias. Confiamos em nossas boas obras para chegarmos a Deus. Olhamos para o estilo ou o tamanho de nossa igreja. Confiamos em nossa tecnologia. Colocamos os nossos ritmos musicais em primeiro lugar. Criamos toda sorte de artifícios para que nossa adoração chegue a Deus sem dependermos da mediação de Jesus.

Falamos sobre ver ou tocar a Deus, quando o próprio Senhor revelou a Sua face em Jesus. Ficamos pedindo sinais e desejando manifestações quando as Palavras de Jesus estão diante de nós. Queremos chegar a Deus sem Cristo – isso é impossível e blasfemo.

APLICAÇÕES
No âmbito pastoral, reconheçamos que o que nos torna aceitáveis a Deus é a obra expiatória de Jesus. Tenhamos sempre em mente o Evangelho. Isso nos dá segurança e paz. Jesus morreu em nosso lugar.

Na esfera apologética, rejeitemos os modelos de adoração que excluem Cristo. Um ministério que não tenha Jesus no centro está perdido.

Disciplinarmente, precisamos nos arrepender de nossas tentativas de chegar a Deus sem Jesus.

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