segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O pastor poeta: centenário do nascimento de Francis Schaeffer

Provavelmente mais do que qualquer outro autor, teólogo, filósofo ou apologeta, Francis Schaeffer tem contribuído para moldar o meu pensamento e prática ministerial. Este é, sem dúvida, o nome mais comentado no BJC - não por idolatria, mas por respeito e para conceder os devidos créditos a quem me ajudou a entender muitas coisas.

Vocês verão escritos sobre Schaeffer direta ou indiretamente pelo menos nestes posts: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22.

Em 2009 escrevi algo sobre o legado de Schaeffer e o seu impacto sobre mim. Eu praticamente repetiria o texto se o escrevesse hoje.

Assim, prefiro ser menos redundante, indicar os textos já escritos, e mencionar poucas contribuições recentes de minhas leituras do e sobre o autor.

1 Tenho aprendido que existem lutas que precisamos encarar como parte de nosso ministério. Schaeffer lutou contra a dislexia, a depressão, a ira, e muitas vezes com a falta de apoio e crítica de outros cristãos. Ele lidou com isso corajosamente, e sou estimulado ao perceber o seu exemplo. Aprendo que não devo fugir de minhas lutas, mas encará-las e vivê-las com a seriedade de um servo de Deus, entendendo que o Senhor está cuidando de  mim. A experiência de L'Abri em termos dos desafios financeiros, e a vivência da fé de Schaeffer e da equipe são desafiadoras e estimulantes.

Schaeffer (1912 - 1984)
2 Tenho aprendido sobre o binômio santidade e amor. Schaeffer ressalta bem em suas obras a necessidade de sermos firmes e amorosos. O caráter de Deus expressa sua santidade e justiça, ao mesmo tempo em que Seu amor e graça. Tenho visto meus irmãos calvinistas e os reformados radicais (também chamados de neopuritanos) e os arminianos e pentecostais agirem com exagerada "santidade", desconsiderando o amor - pelo contrário, massacrando e destruindo os seus oponentes, sem um desejo mais puro de ganhá-los, ajudá-los e servi-los. Tenho me visto nessa mesma situação por vezes e vezes. No outro extremo, vejo liberais, teólogos existencialistas, emergentes e o povo da teologia relacional, além dos adeptos do jeitinho brasileiro demonstrando exagerado "amor", sem considerar a santidade. São sempre carinhosos, nunca confrontando nem apontado o pecado, e assim entregam os pecadores à sua destruição. Também tenho me visto nessa situação algumas vezes. Schaeffer aponta para o equilíbio - santidade e amor: falar a verdade e as coisas duras, mas como fruto de um coração quebrantado, que deseja ver o irmão andando corretamente diante de Deus.

3 Tenho aprendido sobre engajamento cultural. Bebendo da fonte calviniana e kuyperiana, Schaeffer enfatizou o senhorio de Jesus sobre todas as áreas da vida, e assim estimulou o engajamento dos cristãos em todas as áreas da cultura. Por meio de Schaeffer, tenho sido encorajado a apreciar mais as artes, a estudar mais a política, a conhecer melhor as ciências, e a me envolver com tudo isso, reivindicando o senhorio de Jesus sobre tais demarcações. A verdade é a verdade total, e assim posso falar desavergonhadamente sobre Jesus em qualquer área. Mesmo em face do cinismo contemporâneo, da intolerância diante da religião institucional e da moral judaico-cristã, posso levantar minha voz e anunciar Jesus sem medo - Ele é senhor de tudo.

4 Tenho sido desafiado a praticar a hospitalidade. Este é um dos requisitos bíblicos para os presbíteros (pastores), mas creio que exercemos pouco ou nada fazemos. Nas leituras e exemplo de Schaeffer sou desafiado a exercer a hospitalidade de modo mais aberto e amoroso, recebendo e acolhendo pessoas - dentro e fora de meu apartamento - com um coração pronto a compreender e cuidar. Mesmo os provocadores são desafios a que expressemos amor genuíno em uma era individualizada e narcisista.

5 Tenho aprendido sobre forma e liberdade na igreja. A eclesiologia proposta por Schaeffer é bíblica e desafiadora. Ele me ajudou a compreender os elementos essenciais do culto e da igreja - do mesmo modo que qualquer defensor do princípio regulador do culto faria -, mas também me ajudou a entender que dentro da forma, existe liberdade de caminhar. Precisamos seguir a Escritura à risca em suas determinações sobre o culto, mas podemos exercer criatividade para promover outros momentos de edificação conforme a necessidade da igreja. Schaeffer nos desafia e estimula a sermos bíblicos, e ao mesmo tempo criativos - trabalhar com perguntas e respostas, interagir com as artes, entender as demandas do rebanho é tarefa pastoral. Assim sou levado a respeitar as igrejas que caminham do modo mais tradicional possível, ao mesmo tempo em que respeito as que são bíblicas em seu culto, mas promovem outras ocasiões "não tão comuns" de edificação.

Ainda há muito o que aprender. Sou grato a Deus por ter criado Schaeffer, e por hoje se completar 100 anos do seu nascimento.

2 comentários:

Edson Camargo disse...

Legal mesmo, brother. Encaminhei o post para alguns amigos.
Abraço!

António Ja Batalha disse...

Ao passar encontrei seu blog, li algumas coisas e fiquei ciente de que o autor é um vaso nas mãos de Jesus,creio que é algo importante ser-se rendido e submetido ao serviço do Mestre, é bom encontrar blogs onde o autor não tenha medo de desmascarar o pecado venha ele de onde vier.Sei que ninguém é perfeito, mas o que caminha para a perfeição deixa atrás de si o que impede de ser perfeito.
Deixo a paz de Jesus e minhas saudações.
Ps. Gostava que pertencesse aos meus amigos e seguidores na Verdade Que Liberta.