Nunca escondi de ninguém o meu amor por desenhos animados. Dentre o imenso número destes seres divertidos, a maluca turma dos Looney Tunes se destaca. Quem não lembra do pernalonga e seu famoso jargão: “Hum... Que é que há, velhinho?”? Ou das explosões furiosas do patolino? Ou, ainda, das incessantes tentativas realizadas pelo coiote para pegar o papa-léguas (todas frustradas...)? Sinal de imaturidade ou não, esses desenhos fornecem excelentes ilustrações para a situação atual de muitos cristãos.
Observem, por exemplo, o último caso citado: coiote e papa-léguas. Existe uma cena clássica nesse desenho que ilustra de forma precisa a condição de muitos na igreja cristã. Esta cena está presente em vários cartoons e é variada em seus formatos, mas pode ser descrita da seguinte forma: tentando alcançar o papa-léguas, o coiote corre com todas as suas forças, desligando-se de muitos aspectos da realidade externa, e concentrando-se apenas no alvo desejado. Subitamente, o papa-léguas pára de correr, mas o coiote não consegue, e continua o percurso obstinadamente, até perceber que passou do objeto perseguido. Então ele olha para o chão, e vê que não há nada embaixo, e que está prestes a cair de uma imensa altura. Ele havia corrido por vários metros, “pisando” apenas no ar. Após se dar conta de que não há base, o coiote cai, e só é vista a fumaça lá embaixo, e ouvido o som de seu contato com o solo.
Vejo muitos cristãos à semelhança do coiote, correndo sobre o vento, sem nenhuma base para os seus pés, ou para o seu pensamento teológico. Muitos vivem a “vida cristã” sem qualquer fundamento para suas práticas. Como, então, podem definir o que é vida cristã, se nem mesmo há um referencial para isto? Muitos inventam modelos de oração sem nenhum respaldo, outros criam novas formas de culto tiradas apenas de sua fértil imaginação. Há ainda quem propague doutrinas inteiras forjadas apenas na base do improviso e “achismo”.
Quais os resultados destas coisas? Olhem para o coiote. Uma terrível queda segue estas práticas. Não há certezas de que aquilo que elas vivem é o cristianismo, pois elas não possuem referencial para a vida cristã. Não há convicção de que estão salvas, pois elas não compreendem a salvação. Não há indícios de que seu discurso é verdadeiro, pois elas desconhecem a verdade. Não há consequência mais lógica para este estilo de vida do que a queda. Onde não há base nem certezas, as dúvidas e novidades tomam a direção. Em um cristianismo sem fundamentos, Cristo é desconhecido.
Há esperança para este povo? Sim! Olhem pro coiote! Aprendam com os seus erros. Não corram obstinadamente, desligados do mundo real, mas compreendam a realidade a partir do que a torna compreensível: A Palavra de Deus. Estejam solidamente firmados em Deus, que é conhecido por meio da Bíblia. Conheçam a doutrina apresentada nas Escrituras, e a ela se apeguem mais do que qualquer outra coisa. Rejeitem as novidades infundadas. Abominem as criações sem base. Retornem à coerência da Verdade. Vivam o cristianismo compreendendo o que ele é. Tenham segurança de sua salvação por perceberem a obra salvífica de Deus em suas vidas. Falem sobre a fé a partir da descrição objetiva apresentada no Texto Sagrado. Vivam em santidade com uma razão lógica para isto. Orem com fervor porque conhecem o poder de Deus e o valor da oração. Defendam a cosmovisão cristã por entender que as alternativas apresentadas são incompletas e não resolvem as questões últimas do homem. Amem as pessoas à sua volta, reconhecendo a imagem de Deus nelas, e percebendo a desesperadora condição de suas almas. Busquem os fundamentos do pensamento e da prática cristã.
Somente assim estaremos vacinados contra quedas. Este deve ser um exercício constante, pois sempre temos a tendência de escorregar e esquecer as bases. Somente um cristianismo fundamentado pode levar esperança a pecadores. Somente um cristianismo coerente pode propagar a verdade sem ser ridicularizado. Somente um cristianismo com conteúdo pode gerar transformações verdadeiras e conscientes na vida de pessoas, para a glória de Deus.
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