Estudamos, no último mês, o difícil livro de Jonas. Digo difícil pelo paradoxal ensino de um profeta sem amor, que termina a sua missão chateado porque Deus demonstrou misericórdia aos que ouviram a pregação, creram e se arrependeram.
Percebemos nuances desafiadoras sobre a vocação de Deus, a missão da igreja e dos cristãos, a obra evangelística, as consequências da obediência e da desobediência, etc., etc. O que segue tais exposições não é o tradicional ato de colocar o livro de Jonas novamente na prateleira e partir para uma nova obra, sem muito compromisso. Pelo contrário, o desafio diante de nós é o de aprendermos os princípios do livro, para aplicarmos tais ensinamentos ao nosso cotidiano.
Como um resumão, ofereço os seguintes princípios e aplicações:
1 Deus chama pessoas imperfeitas. Homens falhos como Jonas, você e eu somos vocacionados por Deus para o cumprimento da missão. Isso significa que não devemos, nem podemos, ter a expectativa de perfeição antes de nos engajarmos na obra do Senhor. Pelo contrário, mesmo imperfeitos, somos chamados ao serviço.
2 Deus trata as pessoas imperfeitas ao longo da missão. Enquanto respondemos positivamente ao chamado de Deus, somos por ele tratados em nossas mazelas e pecados – purificados pelo Altíssimo, e por Ele habilitados para uma atuação fiel.
3 A soberania de Deus garante o cumprimento da Sua vontade. Por mais que Jonas lutasse para fugir de Deus, foi alcançado, e Deus o fez ser obediente. Do mesmo modo, precisamos entender que a vontade soberana de Deus está acima dos nossos desejos. Tudo está submetido ao Seu querer. Por isso, podemos descansar na certeza de que os planos do Senhor nunca serão frustrados.
4 Deus disciplina quem ama. O Senhor exerce juízo sobre o Seu povo, para ensiná-lo tratá-lo. Precisamos receber o juízo de Deus como expressão do Seu amor por nós. Deus está mais interessado em nossa salvação do que em nosso bem-estar.
5 A pregação é o método escolhido por Deus para a salvação de vidas. Longe do showbiz, dos espetáculos ou técnicas de manipulação e convencimento, o anúncio da Palavra de Deus é o meio por Ele escolhido para a salvação de vidas. Isso nos ensina a abrir mão da confiança em recursos, para nos apegarmos à mensagem fiel da Escritura.
6 Deus pode salvar mesmo os pecadores mais endurecidos. Os assírios ninivitas eram perversos e brutais. Qualquer observador externo diria que eles eram os típicos “nós cegos”, sem esperança de transformação. Mas o Deus misericordioso deu a eles a fé e o arrependimento, e transformou a sua vida. Isso nos ensina que podemos ter esperança mesmo diante daquelas pessoas a quem reputamos por eternamente perdidas. Como Jonas ensina: “a salvação pertence ao Senhor” (Jn.2.9). Cabe-nos a pregação da Palavra, e Deus se encarrega de fazer o resto. Por isso podemos ter esperança!
7 O processo de santificação e tratamento Divino continua ao longo desta vida. Jonas terminou o livro chateado pela salvação dos ninivitas. Mesmo após a disciplina do Senhor, e a sua obediência, ele demonstrou novamente que é um pecador, e se irou com Deus por causa da misericórdia demonstrada para com os assírios em questão. E, novamente, Deus foi ensiná-lo uma lição, e tratar o coração do profeta. Assim acontece conosco. Somos disciplinados, aprendemos, e em seguida voltamos a pecar. Deus misericordiosamente nos ensina novamente, aprendemos a nova lição, e pecamos em outra área. Por isso, podemos dizer como Lutero, somos “justos e pecadores”, pois a obra completa de Jesus nos garantiu a bênção da salvação e somos vistos como justos pelo Pai por causa do Filho, mas ao mesmo tempo estamos sendo trabalhados em nossos pecados e contradições, porque a obra de santificação ainda está sendo desenvolvida.
Pratiquemos, pois, esses pontos. Vivamos a partir de tal perspectiva, e sejamos testemunhas fiéis do Deus que nos tem tranformado.
Soli Deo Gloria.
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