sexta-feira, 26 de março de 2010

Adoração para toda a vida [5]

4 É expressa em ações concretas do dia-a-dia

Não há atividades que sejam não religiosas: ou são religiosas, ou são irreligiosas.
C. S. Lewis

Por fim, chegamos à declaração (talvez) mais inovadora desta análise. O autor de Hebreus coloca o oferecer sacrifício de louvor na mesma categoria de fazer o bem e repartir o que temos com os outros. Ele usa a expressão “igualmente” para indicar o ponto.

O ensinamento bíblico, com base nesta afirmação, é que a adoração cristã não pode ser restrita aos primeiros 30 minutos do culto de domingo. Ela não pode estar presa a instrumentos, acordes e ritmos. Ela não pode ser determinada pelo tom das canções, nem pela afinação de nossa voz.

A adoração cristã vai além da música. Vai além de um momento no culto. Vai além do próprio culto, e invade o todo da vida. Ela sai da esfera “espiritual” ou “religiosa”, e começa a transbordar sobre a esfera social – com o repartir o bem. Assim ela enche a esfera social e transborda, invadindo a esfera familiar, depois vai para a acadêmica, depois a trabalhista, depois a financeira, e assim por diante. “Fazer o bem” tem implicações para tudo na vida.

A nossa adoração não começa quando os cânticos se iniciam. Nem quando chegamos aqui. Nem mesmo quando saímos de casa. Ela já começou desde quando exercemos nossa consciência. E desde então temos adorado a ídolos ou a Deus.

O momento dominical de culto pode ser a grande celebração coletiva de adoradores que, ao longo da semana estiveram prostrados diante do Senhor. Pode ser o clímax da adoração semanal. Ou pode ser o momento mais mentiroso e hipócrita da semana – o tempo em que nos fantasiamos de adoradores e vamos repetir gestos completamente desconectados do resto de nossa vida.

O chamado para a adoração é integral. Assim como Jesus não salva apenas o nosso “lado religioso”, mas promove redenção em todas as áreas de nossa vida, a adoração precisa envolver cada aspecto do nosso viver.

Tão importante quanto adorar no domingo, é viver uma vida de adoração no dia-a-dia. E a expressão disto não está em frases de efeito ou gestos programados, mas em ações concretas do cotidiano – amar o próximo, repartir os bens, respeitar as pessoas, cuidar de quem precisa, ser um pai presente, uma mãe dedicada, um marido/esposa fiel, um filho obediente, um estudante aplicado, uma pessoa de palavra, alguém paciente, manso, amoroso, etc - A vivência do fruto do Espírito manifesta adoração.

O desafio do adorador é fugir de modelos como “a adoração extravagante” e retornar à adoração simples. Caminhar como um adorador contínuo, que, sem muito barulho, adora ao Pai, nos méritos de Jesus, em tudo o que faz, pois vive para a glória de Deus (1Co.10.31).

APLICAÇÕES
Podemos, finalmente, nos livrar de uma mentalidade fragmentada e confusa da vida, e experimentarmos a integralidade da adoração. Podemos sair de um contexto no qual o cristianismo é reprimido, a nossa fé é guardada em um recipiente hermeticamente fechado, e chegar ao contexto no qual não há barreiras nem departamentos: o vigor da vida com Deus é expresso em todas as áreas sem restrições.

Somos convocados a rejeitar os modelos de adoração que têm o seu foco na criatividade humana. Adorações extravagantes e seus pares não encontram lugar diante da adoração simples da Escritura. Uma adoração artificial não encontra fundamento bíblico para subsistir.

O desafio bíblico a nós, em termos disciplinares, é que nos arrependamos da maneira fragmentada como temos vivido a fé cristã e a adoração até então.

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