sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A face da vaidade

Essa semana participei de mais debates do que eu gostaria. Aliás, eu não gostaria de ter participado de nenhum. Mas o fiz, e assumo a responsabilidade de minhas escolhas. A maioria deles foi no bendito Facebook (FB) - uma rede social que parece crescer consideravelmente no Brasil.

Eu curto o FB. Tem um layout mais limpo que o orkut, e maiores funcionalidades. Criei até uma página do BJC por lá. Mas ao mesmo tempo em que as redes sociais criam grandes oportunidades para a comunicação de verdades eternas, elas também produzem novas oportunidades de tentação, como nos debates mencionados.

Uma tentação que percebi essa semana - primeiramente em meu coração, diga-se de passagem - é a da vaidade no uso das palavras. Explico: nos debates de tais redes sociais, tendemos a usar as palavras de vários sentidos que não o da comunicação simples e clara. Às vezes elas são armas, apontadas para o oponente a fim de sensibilizá-lo ou machucá-lo. Em outros momentos, são instrumentos de exaltação pessoal, usadas apenas para ressaltar as próprias virtudes. Também trabalham para a vaidade pessoal quando não contribuem para uma conversa clara - na tentativa de humilhar o oponente, exibir nossa sabedoria e oratória, e impressionarmos qualquer leitor, usamos as palavras mais difíceis e pomposas. Entre outros mal usos das palavras, entram a ironia e o sarcasmo

E assim as palavras deixam de ser pensadas de modo Teo-referente, tendo Deus como o centro do seu uso (Ef.4 e Tg.3 poderiam ajudar nisso), e passam a ser pensadas e usadas de modo egoísta e idólatra.
Em momentos de maior desespero e ira, usamos as palavras como válvula de escape, explodindo nossas emoções em textos viscerais, ora descontrolados e pessimistas, ora agressivos, ora simplesmente sem sentido.

Mas esta não é a única tentação. O mal uso de palavras talvez seja consequência de outra vaidade maior: a da preservação da honra pessoal e reputação. Observem muitos desses confrontos - eles demonstram um aspecto interessante. Ninguém quer deixar de dar a última palavra. Ninguém quer sair do debate com a impressão de que "perdeu a discussão". Ninguém quer ter a sua reputação manchada, e a sua honra ferida com uma disputa perdida na internet. Por isso insistimos em discussões intermináveis, que muitas vezes perdem o seu ponto principal, tornando-se um jogo de "quem dá a palavra final".

Ninguém está isento disso, e tal tentação nos acompanha nas discussões do cotidiano, fora do facebook. Então o que no começo era uma conversa honesta em busca da verdade, termina como uma disputa fingida em busca de auto-afirmação.

Não seria legal se estivéssemos dispostos a perder alguns debates, mas preservar a honestidade diante de Deus e dos nossos companheiros virtuais?

Não seria legal se a honra de Deus fosse mais valiosa para nós do que a nossa?

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