Eu fiquei seis anos em uma igreja que não tinha escola dominical pela manhã. Isso deve dizer alguma coisa sobre a minha facilidade de levantar aos domingos para ir à ebd (a igreja que hoje pastoreio tem tal atividade nas manhãs dominicais).
De todo modo, é sempre agradável estar lá, ainda que com o rosto inchado. As aulas normalmente são boas, e depois temos o momento da "pastoral" - uma espécie de pregação reduzida para toda a igreja.
A despeito do meu sono, existem várias coisas agradáveis no encontro de domingo pela manhã. Eu gosto do sol forte, de fazer caretas pra enxergar melhor - comprimindo os olhos como um japonês míope -, gosto das cores mais vivas que a manhã proporciona e dos diferentes tons de luz apresentados no salão principal e nas salas de aula. Gosto do clima de reencontro, mesmo que outras pessoas estejam tão ou mais sonolentas do que eu. E gosto do alimento espiritual que nos é fornecido.
Mas eu já estou no terceiro parágrafo e nada escrevi sobre o que realmente pretendia. No último domingo pela manhã fui o pregador - ou aquele que pronunciou a pastoral. Mesmo em formato reduzido, fiz uma salada de temas (ou um mosaico, se você for mais do tipo visual do que gastronômico), e expus o que tenho entendido ser a verdade bíblica em tais aspectos. Cumpridos os ritos (oração final, bênção, tríplice amém) estava encerrada a reunião da manhã e todos poderiam voltar para casa ou sair para o almoço dominical (outro elemento carregado de especial sentido).
Minha agradável surpresa foi ver uma adolescente da igreja se dirigindo em minha direção, para suavemente tocar o meu ombro e dizer: "adorei a pastoral de hoje, pastor!".
O que eu teria falado que a moveu daquela maneira?
Tenho hipóteses:
1. Durante a pastoral, citei o nome de pessoas conhecidas no cenário brasileiro: "Felipe Neto" e "Rafinha Bastos". Se você alguma vez já acessou o youtube, é possível que saiba quem é o primeiro, e se usa o twitter, é provável que conheça o segundo. Felipe Neto é uma febre entre adolescentes, e digo isso porque um dia antes uma garotinha de seus 12 anos me falava dele e imitava os seus gestos. Talvez o Rafinha tenha um público mais velho, mas já assisti uma troca de vídeos entre ele e uma adolescente, falando sobre gírias: ele é conhecido dos teens. Há grande possibilidade de que, por ter mencionado tais pessoas, a adolescente transferiu sua simpatia para com as celebridades em direção ao texto da pastoral.
Desejo muito profundamente que a terceira hipótese seja a verdadeira. Mas continuo pensando sobre como podemos comunicar a verdade de modo claro e honesto, apresentando Jesus para a cultura contemporânea sem necessariamente aderir às caricaturas atuais (usando desnecessariamente gírias para "parecer jovens" e coisas do tipo), ao mesmo tempo em que compreendemos nossas ovelhas mais novas e suas questões.
Talvez o caminho para isso seja simplesmente ouvi-los mais. Muitas de nossas ilustrações e aplicações estão baseadas no que presumimos serem suas dúvidas e problemas. Um pouco mais de abertura de nossa parte não faria mal. O "carinha" de 13 anos no banco ao lado, e a garota de 12 mais à frente precisam do evangelho, tanto quanto eu e você.
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